Se você fica triste, fico triste. Se você fica alegre, fico alegre. Por favor, fique rico...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Registros do presente

O QUE PENSARÃO DE NÓS, NOSSOS FILHOS, NETOS E BISNETOS ?
A minha geração teve a infância registrada em fotos preto e branco, algumas já desbotadas pelo tempo e pela baixa qualidade da revelação.
Nossas fotos registravam momentos especiais:o aniversário de primeiro ano, as viagens de férias,o casamento de nossos pais, o Natal, os encontros de família... Nelas, estávamos sempre com as melhores roupas, o cabelo arrumadinho, todos fazendo pose, olhando para a câmera, o "cenário" perfeito...
Hoje registramos tudo, absolutamente tudo! As máquinas fotográficas, os sistemas de vigilância, as câmeras dos celulares estão em todos os lugares, em todos os momentos do nosso dia a dia. A era digital nos oportunizou registrar qualquer fato, mesmo que sem grande importância.
Afinal, não gastamos nada para revelar, não precisamos esperar para ver se as fotos ficaram boas. Elas são registros instantâneos. Registros que podem ser imediatamente compartlhados via celular, computador, pelas redes sociais, blogs... estas imagens do nosso tempo percorrem distâncias enormes, num tempo mínino, que eu não imagina possível quando criança. Podem ser vistas por pessoas que nem conhecemos. Nossa vida é registrada por inteiro: o momento em que acordamos, o bolo que está na mesa de nosso café da manhã, a rua, o céu, nossos amigos, os momentos de lazer, os acidentes que acontecem na rua, uma peça bonita na vitrine. Nelas, não estamos sempre com roupas bonitas, o cenário nem sempre está em ordem.
Por outro lado, me parece que mesmo tendo tudo registrado, nada temos. As imagens são realmente instantâneas! Instantâneas também no sentido de descartáveis. Logo nosso olhar já se vê cheio de outras, novas imagens. Nem lembramos o que vimos há 2 minutos... Nossa vida toda fica "arquivada" em pastas, subpastas, diretórios, pen drives, cds, e num simples "delete" ou por descuido na organização de uma gaveta, pode ir para o lixo.
Nossos álbuns eram paupáveis e conseguia-se ver tudo em pouco mais de meia hora (se tanto). Hoje, as fotos são tão abundantes e sobre qualquer fato corriqueiro, que se fôssemos reuní-las em álbuns reais, de papel, não nos sobraria tempo para registrar o momento seguinte, nem teríamos "saco" para ver tudo. Porque o que se banalizou não tem mais graça, nem tem mais história para se contar daquele encontro, daquele carnaval que passou, porque está tudo ali registrado pormenorizadamente, em detalhes da cor da unha. Não é preciso contar mais nada.
Mas sou teimosa. Vou continuar guardando as histórias e contando aos meus filhos, meus netos, bisnetos...

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