Se você fica triste, fico triste. Se você fica alegre, fico alegre. Por favor, fique rico...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Elegância do estilo Flaubert

Comentei aqui que estava lendo Madame Bovary de Gustave Flaubert. É um escritor elegante, que gosta de figuras de linguagem e usa de comparações inspiradas e, às vezes, inusitadas.
Olha que trecho lindo, quando Emma se vê sozinha, apesar de casada e com uma filha, após a partida de Léon:
"A partir de então, aquela lembrança de Léon foi como o centro de seu aborrecimento; ela crepitava com mais força do que um fogo abandonado na neve numa estepe da Rússia. Ela precipitava-se para ele, abrigava-se contra ele, remexia delicadamente aquele fogo que ia se apagando, ia procurando ao seu redor o que podia avivá-lo mais; e as mais longínquas reminiscências como as mais imediatas ocasiões, o que experimentava com o que imaginava, seus desejos de volúpia que se dispersavam, seus projetos de felicidade que caíam ao vento como ramagens mortas, sua virtude estéril, suas esperanças desabadas, a derisão doméstica, ela juntava tudo,apanhava tudo e fazia com que tudo aquecesse sua tristeza."

Outra peculiaridade de Flaubert é o uso de palavras difíceis. Há que se lê-lo com um dicionário ao lado. No texto acima, você pode achar que foi erro de digitação a palavra derisão. Fui ao Aurélio, significa: riso de desprezo, mofa, escárnio. Aprendi. Assim como aprendi que:
latada significa grade de ripas para amparar plantas trepadeiras;
transudar - transparecer, transpirar;
arrobe - xarope de suco de frutas;
canicho - cão;
perceptor - cobrador de impostos.
e muitas, muitas outras palavras que só quem lê tem o prazer de descobrir e desbravar.
Assim também é Eça de Queiroz, um estupendo escritor, mas que só pode ser lido com um dicionário ao lado. Mas que bem faz a leitura de bons escritores! E é melhor ainda quando se lê ouvindo os grandes clássicos. Faz bem para a alma!
Aprendi a gostar de ler em criança com o Sítio de Monteiro Lobato. Li todos os livros dele duas vezes, uma vez só era pouco para tanto contentamento, tanto alumbramento. E não parei mais. Estou sempre lendo, tem sempre um livro na minha cabeceira. E vários livros na estante a espera do tempo de lê-los.
Bem, vou voltar ao Flaubert. Desculpem.

Um comentário:

  1. Como vai Sonia!
    É sempre um prazer receber suas mensagens. De Flaubert prefiro Bouvard et Pecuchet. Desejo que você tenha um ótimo fim de semana com a leitura de um bom livro e uma 'chávena' (rs, pedante, né?) de chá. Um abraço cordial. mario

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