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domingo, 22 de abril de 2012

Feriado de São Jorge

Amanhã, dia 23 de abril, é dia de São Jorge. Salve Jorge! Até aí, tudo bem para os crentes de todas as vertentes que cultuam o santo. Mas o nosso grande Governador Cabral concedeu mais um feriado estadual em nome do venerado santo. Mais um! Num país que precisa urgentemente trabalhar e produzir. Bom para quem?
O advogado Alexandre Vidal Porto escreveu uma crônica a propósito da interação entre igrejas e estado.
"A Constituição determina que o Brasil é um Estado laico e assegura liberdade religiosa para todos os cidadãos. As autoridades devem dar garantias ao culto de qualquer religião, sem, no entanto, agir em nome de nenhuma. Em uma democracia, esses princípios são importantes porque preservam o pluralismo da sociedade e protegem o pleno exercício dos direitos individuais.
Trata-se de uma conquista da civilização ocidental que se encontra ameaçada no Brasil. Hoje, fé e política parecem manter uma relação espúria, na qual princípios religiosos contaminam de forma indevida o processo legislativo nacional. Absurdamente, começa-se a achar natural que projetos de lei submetidos à Câmara dos Deputados, ainda que consoantes com os princípios da Constituição e dirigidos ao todo da população - religiosa ou não - tenham de passar pelo crivo doutrinário das igrejas e fiquem reféns de sua sanção.
Retira-se, assim, de parcela considerável do povo brasileiro, a possibilidade de regular seus direitos constitucionais fora de preceitos bíblicos que não abraçou. Ao mesmo tempo, as lideranças religiosas assumem ares de superioridade moral e alavancam seus interesses políticos baseados em uma ideologia teocrática de exclusão, que desqualifica quem não partilha de sua fé.
Ninguém é melhor ou mais ético porque tem religião. Cada um tem o direito de escolher os princípios morais que nortearão sua vida de acordo com a sua consciência. Essa prerrogativa fundamenta os direitos individuais. Foi conquistada a duras penas, em reação justamente, ao monopólio ideológico e religioso que, diversas vezes na história, impôs-se com resultados terríveis para a humanidade.
Ao longo dos séculos, muitas atrocidades foram cometidas em nome da Bíblia e de outros textos religiosos. Não fosse a garantia da pluralidade democrática, o mesmo deputado que vocifera contra cultos de matriz africana ou direitos reprodutivos das mulheres, poderia ter sido queimado na fogueira da Inquisição católica ou morto por apedrejamento como infiel.
O Brasil é um país diverso. E quer continuar a sê-lo. Nele, não deve haver espaço para a intolerância. O Congresso não legisla apenas para quem tem religião. Tem de proteger a todos. Tentar impor uma ideologia religiosa por meio da ação legislativa desfigura nossa democracia. Os religiosos têm o direito de observar seus princípios, mas não podem impingí-los ao resto da população. O Brasil não é regido pela Bíblia. Que os religiosos cultuem o que quiserem, mas que respeitem que não pensa e não quer viver como eles.
É importante que as autoridades do governo tentem colocar em perspectiva a ação política de grupos religiosos no Brasil. O Estado brasileiro é laico e deve comportar-se como tal. Em mais uma instância, minorias sociais têm visto seus direitos individuais virarem moedas de troca. Tolerar a intolerância pode render votos, mas não é uma forma justa de governar."

Perfeito! As sociedades evoluem e com elas evoluem as formas de pensar, a ética, a moral. A legislação deve assegurar o direito de todos os cidadãos e não abraçar causas religiosas. Quem quiser seguir os preceitos de sua religião que siga, mas tem que se preservar o direito de quem não quer.
Não tenho nada contra as religiões, mas não tenho que reverenciar um santo e uma doutrina num feriado nefasto em uma religião que não abracei.
Mas, Salve Jorge!

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